quarta-feira, 23 de março de 2016
Carta #2
Bom dia,
Levantei tão cedo hoje,
ainda estou amanhecendo
e a madrugada vai me abandonando
mesmo sem querer.
Me acordou o vento frio entrando pela janela esquecida aberta,
papéis voavam,
corri até ela e me procurei lá embaixo, na calçada,
onde com certo alívio constatei que não estava.
Toco meus ossos e confirmo minha existência e dor,
você me doi até o osso.
Permaneço um tempo olhando pela janela,
há algo de místico e o mundo que passa por ela torna-se mais leve,
quase suportável.
A porta não, tudo entra e sai do mesmo jeito,
e nela ainda me aguarda todo o horror da vida sem você.
Prefiro te esperar a janela.
Hoje sei que não vem,
mas nada é para sempre,
não foi seu amor,
nada mais há de ser.
Você poderia querer me perguntar - até te ouço perguntando:
Pra você o que é pra sempre?
Pois te digo, pra sempre é mais dois, três dias.
Mais uma semana ou um mês, no máximo dois.
Me proponho a durar até ter certeza que você não virá.
Essa é minha perspectiva.
Com nosso fim, até o tempo acabou desistindo de espichar.
O sol sobe lento pela sala,
toca meu pé,
talvez ele saiba melhor dessas coisas de pra sempre,
talvez.
Acho que o sol é pra sempre,
mas um pra sempre de verdade,
de me achar onde quer que eu esteja para aquecer meus pés.
O sol se ergue indiferente a meus lamentos,
prô sol, nunca tem nuvens;
Tudo pra ele passa;
Ele não julga a quem aquece e ilumina
e por isso consegue renascer igual todas as manhãs.
O sol é foda, Baby.
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