sexta-feira, 15 de junho de 2012

Por que será que a gente terminou?


Há pouco, enquanto arrumava na estante os livros que você esqueceu embaixo da cama - talvez pela pressa que estava de ir embora - acabei folheando um deles e pensei triste com meus botões: "Por que alguém leria essa merda?!?" Além desse pensamento bucólico e sincero, pontadas duras e doloridas no peito acusavam sua ausência e, misturado ao sentimento intenso de rejeição, o lamento interrogativo de um coração prático, mas que eu acho que te amava: Por que será que a gente terminou?!?

Amanhã quando eu não for acordado por seu despertador antes da minha hora, vou levantar, mas não encontrarei um restinho de café para tomar antes de sair; também não haverá pendurada na torneira do chuveiro nenhum adereço. Ao sair, pelo hábito, olharei na geladeira para ver se seu iogurte acabou e me perguntarei: Por que será que a gente terminou?!?

Trabalharei até às 18 amanhã; no máximo até às 19, não mais que isso, vou encontrar os da antiga no bar, passado o mal estar do "só veio encontrar com a gente por que levou um pé na bunda", tudo voltará ao normal e falaremos de futebol, sobre ações, sobre chefes incompetentes e empresas gananciosas, chegando finalmente à vocês e em especial a você e, naquela hora, com o quorum da mesa já bem reduzido, perguntarei prô Rafael, que mal entenderá a pergunta, o porque da gente ter terminado.

Assim que a batida da porta na sua saída parava aos poucos de ecoar na minha cabeça, pensei em te escrever, mas não sei como fazê-lo, nunca soube, talvez a falta de gosto pela leitura - que você com certa arrogância sempre criticou - tenha me tirado a possibilidade de escrever, pensei, para em seguida mudar de idéia, eu não escreveria, eu não sei me expressar, nem as músicas, que outrora me traduziam em palavras servem para mais nada! Quando foi que a gente terminou?

Tanto que eu tentei seguir sua linha, me basear em seus exemplos, mas você nunca reconheceu isso.

Como pode essa enxurrada de pensamentos me chegar assim de repente? Eu esticando o braço, apagando a luz e me veio esse redemoinho de idéias. Espero que a Marinha não tenha notado, sabe quem é né? Aquela vizinha gostosinha. Ela veio aqui um pouco depois de sua saída, preocupada com o falatório, acabou aceitando uma cerveja, foi ficando, ficando. Acendo novamente a luz e olho meu sorriso no espelho e pergunto: Por que será que a gente terminou, só agora?

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