quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Cidade Deserta


Calma a madrugada despedia-se abrindo espaço para a manhã que, inconsequente, o empurrava a mais um dia.
Em nome do silêncio voltava ao quarto a tempo de calar o despertador que ainda dormia.
Do abraço morno do chuveiro, soltava-se com alguma dificuldade.
Engolia algo que poderia ser uma maçã.
No carro ninguém buscava música em outra estação. Saídas do rádio, as notícias empoçavam no banco do passageiro.
Ninguém lhe avisava do farol amarelado recentemente.
Ninguém pedia-lhe calma.
Parou na Santo Amaro mas ninguém desceu.
Trabalhou o dia inteiro e ninguém ligou.
Almoçou por obrigação, ninguém provou de sua sobremesa que voltou intacta.
Na volta ao "lar", não contou a ninguém de seu dia.
Não soube de nada.
Não aconteceu nada.
Parou na padaria, ninguém comprou algo para comer.
Brindou à noite, suplicou à lua e entregou-se sem briga a um último trago.
Da sacada olhava as luzes que se distanciavam velozes na cidade d e s e r t a.

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