segunda-feira, 6 de junho de 2016

Carta #4


Oi Baby,

Chove tanto hoje.

Vejo o mar quando ouço os carros passando pela rua molhada.
No asfalto, as rodas espirram nova onda que vem quebrando gigante, se aproxima, me atravessa - não
me leva.

Não tem onda que me leve sem você.

Sou pé cravado na areia fina, quase tão fina quanto seus cabelos e pelos.
Guardo-lhes a memória nos dedos, ainda quentes, minha boca inunda de saudade.

Chove um oceano aqui dentro, um apartamento em maré alta.
As janelas escorrem, água verte da parede, escorro por baixo das portas, é tua vazante que me lava.

tudo é sal.

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